segunda-feira, 10 de abril de 2017

Mensagem do dia:

... Eu sinto muita saudades da época em que Dias Gomes fazia suas novelas com um quê folclórico, nordestino, bem-humorado, politizado e inteligente. Obras como Saramandaia, Roque Santeiro, Dona Flor e seus Dois Maridos, O Bem Amado, O Pagador de Promessas são joias preciosas. Sinto saudades do tempero de Gabriela e da picardia de Capitães de Areia de Jorge Amado e também saudades de Ariano Suassuna e seu Auto da Compadecida e O Santo e a Porca. Mas, quando me deparei com A Lenda do Cangaceiro sem Cabeça, de Ivan Dos Santos, o flash-back dos bons tempos veio à flor da pele. No alto dos meus 70 anos, eu fiquei arrepiada, chorei de alegria ao ler A Lenda do Cangaceiro sem Cabeça, pena que a minha volúpia pela leitura reduziu meu tempo de deleite para dois maravilhosos dias, nem me lembrei da artrite, do reumatismo e demais transtornos que idade nos traz. Sei que sou ranzinza, antipática, antissocial e arrancar um elogio de minha boca é algo raro. Meus ex-alunos diziam que eu andava com uma placa escrita "Mantenha a Distância" cravada na testa, hoje essa frase está tatuada em todo o meu espírito. Entretanto, diante dessa obra deliciosa eu só posso dizer: Que bom que o Brasil tem Ivan dos Santos! Ainda há esperança para nossos leitores, basta eles aproveitarem. Embora eu ache que isso já seja algo muito difícil, tamanho o celeiro que a mídia manipuladora anda criando nas pastagens brasileiras. Desculpem-me, mas serei sempre hostil contra a ignorância política deste país, é meu jeito de ser, de protestar...

Historiadora - Áurea Assunção - Brasília